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Uma nação, vários Brasis (PARTE 1)

Data da notícia: 2023-09-20 09:37:04
Foto: Assessoria

Há vários Brasis dentro deste Brasil, que já foi chamado de “o país do futuro”. Existe o Brasil dos ricos, habitado por 1% da população. E existe um outro Brasil, habitado pelos 99% dos demais brasileiros, dos quais 23 milhões vivem na pobreza.

Em nossa pátria amada (salve, salve!), existe o Brasil em que cidadãos comuns autores de crimes são processados e julgados na primeira instância. E existe o Brasil em que quase 56.000 ocupantes de cargos públicos são julgados pelas cortes superiores, integradas por ministros nomeados politicamente, porque detêm foro privilegiado.

Há o Brasil em que a imensa maioria da população somente consegue se aposentar após décadas de contribuição ao INSS ou por idade, com o teto de R$ 7.507,49, e há o Brasil no qual alguns poucos se aposentam precocemente e com o teto de R$ 39.000,00.

Neste território de 8,5 milhões de km² há um Brasil de governantes eleitos que diuturnamente pregam seu amor à democracia e fazem a defesa permanente do Estado Democrático de Direito. E também há um Brasil em que esses mesmos governantes optam pelo alinhamento internacional preferencialmente com países com outros valores, absolutamente incoerentes com o DNA brasileiro de respeito aos ideais democráticos.

Há exemplos recentes, como a aproximação com Arábia Saudita, Venezuela, China, Rússia e Egito, algo além dos interesses comerciais. Dispensável tecer comentários sobre as escolhas, porém merece destaque o índice criado em 2006 pela revista The Economist, denominado Democracy Index, em que as nações são analisadas e posicionadas num ranking de 167 países. Nesse índice, enquanto o Brasil ocupa a 51ª posição, o Egito está em 131º lugar; os Emirados Árabes Unidos, em 133º; a Rússia, em 146º; a Venezuela, em 147º; a Arábia Saudita, em 150º, e a China, na 156ª posição. Não são países propriamente exemplos de democracia esses com os quais agora se busca alinhamento.

Existe o Brasil em que a velha e verdadeira máxima “sem educação não há salvação” é discurso recorrente dos governantes. E existe o Brasil em que ninguém pergunta ou analisa porque a salvação ainda não veio, embora o volume de recursos destinados à educação sejam consideráveis, notadamente porque a Constituição Federal de 1988 garantiu a aplicação compulsória em educação de 25% das receitas com impostos – inclusive repasses da União – dos estados e municípios, além de obrigar a União a investir nessa área o mínimo de 18% de suas receitas com impostos.

O resultado é que o país ocupa a 53ª posição entre 63 países do PISA 2023, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos desenvolvido e coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que avalia o desempenho de estudantes na faixa dos 15 anos de idade em três grandes áreas do conhecimento: leitura, matemática e ciências. No PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study), Estudo Internacional de Progresso em Leitura, na tradução para o português, o Brasil também ficou mal avaliado no nível de leitura de texto e compreensão dos estudantes: posição 52 entre 57 países avaliados, à frente apenas de Irã, Egito, Jordânia, Marrocos e África do Sul.

Fonte: Samuel Hanan




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